A Educação pela Comunicação rompe com a idéia de que a educação está a serviço e do lado do educador e não do educando. Esta proposta comunga das críticas fundamentadas pelo pensador Paulo Freire a chamada “educação bancária”. Aqui os educadores são responsáveis por preencher os educandos com conhecimento e informação, enquanto os alunos são meros receptores passivos. Já a perspectiva construtivista promove avanços ao considerar o educando como pólo ativo, sujeito que constrói o conhecimento e objetivo maior do processo educacional: é ele quem “aprende”. Esta jovem metodologia também bebe nos pensamentos de Piaget, que dá muita ênfase às ações realizadas no âmbito do sujeito, sobretudo processos cognitivos, intrínsecos de assimilação e acomodação do conhecimento.
Estas formas de pensar educação re-significam o papel do educador, que deve criar as condições necessárias para a aprendizagem. São facilitadores, são mediadores. De certa forma, esta postura ainda assim, pré-estabelece alguns papéis, na medida em quem aprende é o aluno e o professor é o facilitador. O que a Educação pela Comunicação propõe é algo a mais: os educadores e os alunos juntos no processo, todos constroem conhecimentos a partir da ação, a partir do fazer. Então, os educadores não estão apenas “criando as condições necessárias” ou “facilitando” a aprendizagem dos educandos. Eles estão aprendendo também, produzindo novos sentidos, co-criando, re-significando o que já sabiam, se reinventando, enfim.
A visão é de que existe uma comunidade de aprendizagem onde todos estão aprendendo e participando. Alguns assumem, em certos momentos, determinados papéis e os outros, assumem outros papéis. Mas estes papéis não são estanques. Tudo isso pode se inverter, porque todos estão colaborando, todos estão se desenvolvendo. Inicialmente, os educadores criar condições necessárias, mas nada impede dos educandos desenvolverem outras estruturas, o que confere a todos a possibilidade de transformarem seu entendimento, seus papéis e suas responsabilidades enquanto participam nesse processo.
Dentro da Educação pela Comunicação as hierarquias não são estanques. O aprendizado é horizontalizado, embora os papéis se modifiquem na medida em que a relação de educando e educador ganha maturidade, bem como o envolvimento com o processo de aprendizado. Nesta vivência educacional, ninguém detém o conhecimento acabado, nem educadores, nem educandos. O conhecimento não existe como um estado final pré-determinado, que os educadores já atingiram e onde os educandos têm que chegar. Não existe “instrução” no sentido tradicional, todos estão participando e se transformando à medida que participam das atividades/ações.
* texto extraído do Guia de Educação pela Comunicação, em fase de redação e com lançamento previsto para 2009, pela CIPÒ Comunicação Interativa.